36 horas em São Paulo



Cidade de arranha-céus e congestionamentos em um país dominado por praias e florestas tropicais, São Paulo, a maior metrópole da América do Sul, é uma anomalia da natureza – só que sem a natureza.

Seus defeitos, porém – preços altos, violência urbana e garoa – não se equiparam às suas virtudes – muita energia artística e empresarial e vida noturna agitada. Muitas vezes, a cidade consegue transformar seus defeitos em ativos financeiros. Um exemplo é a transformação do concreto em obras de arte pós-brutalistas, como o elegante projeto de Isay Weinfeld para a Livraria da Vila da Alameda Lorena. Os mais de 11 milhões de habitantes de São Paulo fazem sua parte ao deixar toda essa confusão se contagiar pelo alto-astral brasileiro.

SEXTA-FEIRA

15h - Glória encardida


A elite paulistana pode até comprar seus apartamentos bem longe do coração da cidade, mas o centro histórico de São Paulo ainda mantém o burburinho com seus funcionários públicos e empregados de escritórios. É verdade que uma boa limpeza seria de grande utilidade para parte da região central, mas a glória de seu passado se mantém praticamente intacta. E isso pode ser visto no museu de arte mais bonito da cidade, a Pinacoteca (Praca da Luz, 2; 11-3324-1000), que ocupa o prédio de uma antiga escola e possui, em anexo, um imperdível jardim de esculturas. Dali, pegue o metrô para a estação São Bento e se deixe perder pelas movimentadas lojas da rua 25 de Março e pelos calçadões de pedestres próximos ao Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Alvares Penteado, 112; 11-3113-3600), magnífico edifício que serviu de sede ao banco e foi transformado em espaço de exposições.

18h - Coquetéis ou cafeína?


Quando cessar o vai-e-vem dos negócios, tome a direção do grandioso Teatro Municipal (Rua Líbero Badaró, 377), passando por uma das obras clássicas do o Edifício Copan: uma maravilha ondulante de 38 andares (Avenida Ipiranga, 200) com uma comunidade de moradores bastante diversificada. No shopping center no térreo do edifício, escolha entre um cremoso café expresso no tradicional Café Floresta, para ser consumido no balcão, ou uma criativa caipirinha no super movimentado Bar da Dona Onça (11-3257-2016).


20h - Selva vertical


Chega de fuligem. Encontre o ponto de táxi mais próximo e fuja para a badalada Vila Olímpia para um jantar no Kaá (Avenida Juscelino Kubitschek, 279; 11-3045-0043). Com um discreto letreiro na entrada, o local passa quase despercebido. A grande atração deste restaurante projetado por Arthur de Matos Casas é o jardim vertical, um paredão de 1300 metros quadrados inteiramente recoberto por espécies de plantas da Mata Atlântica. O cardápio contemporâneo – tortellini de brie com geleia de figo em manteiga de sálvia, lula recheada de lagostim e risoto negro – vale o preço estratosférico (jantar para dois, com bebida e sobremesa, pode chegar a 300 reais).

23h - Festa em casa


Os sofisticados clubes noturnos da Vila Olímpia vêm e vão, mas os playboys e belas mulheres não saem de cena. Siga para o Casa 92 (Rua Cristovão Gonçalves, 92, Largo da Batata; 55-11-3032-0371), nova balada que ocupa uma casa onde, certamente, morou a vovozinha de alguém. Caminhando de um cômodo para outro, ou pela agradável área ao ar livre, pode ser que você entre de penetra em uma festa de aniversário, comece uma animada conversa movida a caipirinhas ou ainda se jogue na pista de dança – onde casais recém-formados se agarram.

SÁBADO

Terminar uma noite longa ou começar um longo dia em uma padoca da cidade é tradição paulistana. Pode ser na Bella Paulista (Rua Haddock Lobo, 354; 11-3214-3347), uma padaria turbinada onde os notívagos se refestelam com os salgados (excelentes), sanduíches tamanho família (bons), saladas (decentes) e pizzas (nem tanto). Pães, salgados, frutas, ovos e frios são servidos no bufê de café da manhã, por R$26,90, a partir das 7 da manhã. Para uma opção mais barata, informe-se em seu hotel sobre a padoca do bairro. Dica: peça um suco de laranja natural e um crocante pão na chapa.

11h - Corrida das artes


Planeje um passeio pela animada cena artística da cidade visitando as galerias com a ajuda do Mapa das Artes. Você pode começar pela vibrante Choque Cultural (Rua João Moura, 997; 11-3061-4051), uma casa que sempre abriga uma mostra provocativa e surpreendente. Em seguida, vá caminhando até a recém-aberta Zipper Galeria (Rua Estados Unidos, 1494; 55-11-4306-4306), que reúne trabalhos de 23 artistas brasileiros. A Nara Roesler (Avenida Europa, 655; 55-11-3063-2344) é uma opção mais classuda. Depois disso, pegue um táxi e atravesse o Rio Pinheiros para conhecer a Galeria Leme (Rua Agostinho Cantu, 88; 55-11-3814-8184). Ela ocupa uma estrutura contemporânea projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Observação: As prostitutas na esquina vizinha não fazem parte de uma instalação de arte performática.


14h - A Bia nos espera


Sábado é dia de feijoada. A Feijoada da Bia (Rua Lopes Chaves, 105; 11-3663-0433) fica escondida em um ambiente acolhedor do bairro da Barra Funda (mas a poucos passos da estação de metrô Marechal Deodoro).

O bufê sai por R$62, o que não é nenhuma pechincha, mas inclui um descontraído grupo de chorinho e talvez até uns tragos de graça. Ultimamente, a proprietária Bia Braga oferece aos clientes doses da nova cachaça da casa, produzida em um pequeno alambique de Minas Gerais.


20h - Cena teatral

Assistir a uma peça de teatro pode ser uma boa pedida. A dica é mergulhar na cena teatral alternativa dos arredores da Praça Roosevelt. Misture-se à turma do pré e pós-teatro nos bares da região, como o Rose Velt (Praca Franklin Roosevelt, 124; 11-3129-5498), local aconchegante com decoração extravagante – como o revestimento de parede que imita o ladrilho português de algumas calçadas da cidade. O bar dispõe de cerveja Colorado (fabricada no interior do estado).

DOMINGO


10h - Dia de feira


O final de semana atrai os colecionadores e garimpeiros de bugigangas para as feirinhas de antiguidades de São Paulo. Uma das melhores começa às 8 da manhã na Praça Dom Orione, no bairro italiano do Bixiga. A feira é uma mistura de gays, heteros, jovens, velhos, famílias e casais - todos em busca daquela máquina fotográfica antiga, bengala do vovô ou pôster de época. Vários vasculham pilhas de LPs de bossa nova e roupas de brechó. A praça conta também com diversas lojas de antiguidades para satisfazer seus

incansáveis compradores.

12h30 - Culinária apurada

Visto de longe, o alto edifício com listras vermelhas conhecido como Instituto Tomie Ohtake (Avenida Faria Lima, 201; 11-2245-1900) mais parece um tributo contemporâneo às bengalinhas doces americanas. Mas, ao ingressar n o prédio pelo piso térreo, somos magnetizados por suas curvas e cores excêntricas. E as criativas obras expostas, como as telas da própria Tomie Ohtake, pintora nonagenária japonesa radicada no Brasil, valem muito a visita. Agora, com dez anos de existência, o instituto cultural acaba de dar uma nova guinada nos negócios: a abertura do restaurante Santinho, da festejada chef Morena Leite. A proprietária do Capim Santo, parada obrigatória na cidade para quem quer provar a culinária brasileira mais refinada, preparou um bufê de almoço com saladas e pratos frios super frescos (de quinua, banana da terra e passas até tartar de atum com pérolas de tapioca) e deliciosos pratos quentes (pato selvagem ao molho de amora silvestre e carne seca com abóbora). Entre as sobremesas, tapioca recheada com o irresistível docinho de leite condensado com coco. O preço é um pouco salgado (R$58,50), mas a arte sai de graça.

QUANDO FOR


Mantenha distância dos hotéis de negócios dos bairros da Zona Sul, como a Vila Olímpia ou o Brooklin – eles ficam longe demais da diversão. Para os mais abonados, o hotel-butique Emiliano (Rua Oscar Freire, 384; 11-3069-4369) é de primeira categoria e fica na luxuosa Oscar Freire, onde se encontram alguns dos melhores restaurantes e lojas da cidade. Diárias a partir de US$570, com a conveniência do heliporto.

Uma opção menos convencional para quem quer ficar próximo ao centro (mas, em um bairro seguro) é o Hotel Pergamon (Rua Frei Caneca, 80; 55-11

-3123-2021), localizado na região da Augusta. O antigo hotel-butique foi transformado em um ponto de conferências de negócios de pequeno porte. Entretanto, seu DNA se mantém inalterado: O lobby é decorado com artesanato brasileiro, principalmente de artistas nordestinos; os quartos têm toques de estilo, muitos deles com vista para o skyline da metrópole; e o restaurante serve culinária tradicional. Quartos duplos a partir de R$260.

Fonte: IG

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